"O movimento da mastigação fazia-o parecer sorrir e de repente deixar de sorrir, sorrir e deixar de sorrir — como se ele a tivesse insultado" - Como pode um cego feliz? Ele estava zombando dela? E ela, que havia escolhido tudo em sua vida, se questionando, parecendo para si mesma menos feliz que o cego? A inquietação e a incerteza crescente, pelo poder da narrativa bem construída, chega até ao leitor. Nossa heroína se perde da rotina, derruba as compras, seu coração acelera. O cego a afeta em demasiado.
O título do conto, "Amor", se mostra no abraço ao filho, na escolha de manter sua vida exatamente como era, mesmo consciente das suas consequentes renúncias. O conto termina com o retorno a esse amor, ao lar. O cego - a dúvida - não abandonaria os pensamentos da protagonista-heroína, mas o dia acaba junto com o texto e ela "Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia."
Um dos melhores contos de Clarice.
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